sábado, 6 de junho de 2009
Iggy Pop em Persépolis
domingo, 17 de maio de 2009
Kindle DX e o Futuro das Publicações Impressas
Já a algum tempo vem se discutindo o futuro dos jornais impressos por conta da leitura de noticias diretamente pela internet, em tempo real e sem nenhum custo, o que já acarretou o fechamento de jornais clássicos nos EUA, queda na receita publicitária e demissão de muitos profissionais das redações.
No Brasil, pesquisa feita pela Ketchum, em parceria com centros acadêmicos respeitados mostrou que 53% dos internautas brasileiros consideram a internet “a fonte de informação buscada em primeiro lugar”, com TV vindo em seguida com 30% e jornal 6%.
O que tenho percebido na imprensa é que há um a preocupação geral por parte de editoras, livrarias, escritores e gráficas em como isso afetará seus respectivos modelos de negócio. Li sobre discussões de “como você avaliaria um leitor pela capa do livro que está lendo, sendo que com o Kindle não se percebe a capa do livro?” Seria o início de um mundo com menos consumo papel? Sem a necessidade de se armazenar enormes quantidades de livros em casa e nas bibliotecas públicas?
Indo um pouco além dos jornais, já imaginou sua revista preferida carregada automaticamente no seu Kindle? A nova HQ de Alan Moore? Toda a obra de Stephen King ou a coleção completa de Monteiro Lobato sendo levada pra qualquer lugar, a qualquer momento sem nenhum incômodo?
O Kindle DX começará a ser vendido no verão americano, apenas nos EUA. Considerando sua utilidade um pouco elitizada (a leitura de livros) é um pouco caro (U$ 489 dólares). Ainda não apresenta páginas coloridas, porém, além da portabilidade e o preço mais econômicos dos títulos/publicações, promete oferecer uma experiência muito próxima da leitura convencional e física.
Imagino que, assim como já ocorreu com a indústria da música, uma revolução significativa está chegando às publicações impressas.
Mais informações em: www.amazon.com
segunda-feira, 27 de abril de 2009
OSGEMEOS: Anárquicos e Autodidatas
domingo, 12 de abril de 2009
Bea Feitler: Designer Brasileira foi Influente na América
Semana passada, assistindo um documentário sobre a trajetória da fotógrafa americana Annie Leibovitz (A Vida através das Lentes), eis que surge novamente a figura “até então desconhecida” de Bea Feitler.
Aos 40 minutos do filme, Leibovitz ressalta a influência que Bea teve sobre seu trabalho na Rolling Stone e como aprendeu a conceituar melhor suas imagens com a ajuda de seus conselhos.
A importância que Leibovitz dá a nossa brasileira (eu só sei que é brasileira por conta da Print “brazuca”, no filme não há essa informação) é enorme e acabou me deixando curioso a respeito do histórico da designer.
Vasculhando a vida da moça, descobri que Bea Feitler saiu do Rio e foi para NY estudar design na Parsons Schools e formou-se em 1959. Seu interesse inicial por ilustração rendeu-lhe um crescente fascínio pela área. Tornou-se aos 25 anos co-diretora de arte de uma das mais importantes revistas de moda americana, a Harper's Bazaar. Teve projetos de livros premiados, reformulou o formato da Rolling Stone e trabalhou no revival de um clássico dos anos 30, a revista Vanity Fair.
Segundo Felipe Taborda na Print, “no período em que viveu no Rio de Janeiro após a graduação, iniciou um escritorio de design chamado Estúdio G, com dois outros artistas, especializando-se em design de cartazes, livros e capas de disco. Colaborou no projeto da revista Senhor, marca registrada do design brasileiro, sendo a única revista brasileira de cunho político e cultural concebida com conceitos de design. Num período de experimentação, Bea trouxe novas idéias ao layout da revista. Seu trabalho atravessou fronteiras, criou padrões e conceitos visuais que são influentes até hoje”.
Tintas fluorescents, fotografia com ilustração, tipografia expressionista e desinibida foram algumas das características de seu trabalho.
Tinha bom senso e intuição sobre as pessoas: após ganhar confiança, permitia que seus assistentes tivessem suas próprias abordagens, ajudando-os a reconhecer as suas potencialidades. Muitos jovens designers que trabalharam com ela tornaram-se grandes diretores de arte por mérito próprio.
De personalidade encantadora, mas também muito exigente, seus padrões de excelência na concepção dos projetos eram inegociáveis.
Mesmo enquanto diretora de arte de grandes revistas, trabalhou em uma variedade de projetos como capa de disco para os Rolling Stones, campanhas para Christian Dior e Calvin Klein, livros para Beatles, Cole Porter, Vogue e o fotógrafo Helmut Newton.
De 1974 até 1980, foi professora da School of Visual Arts, onde os estudantes batalhavam para estar em sua classe. Incentivava cada aluno a seguir sua própria direção. Consta como seu aluno, o artista Keith Haring, que era criticado por ter trabalhos inspirados no graffiti. Bea se entusiasmou com seu vigor e potencial, encorajando-o a continuar a desenvolver neste caminho.
Seu último projeto foi a volta da revista Vanity Fair porém não viveu para vê-la publicada.
Não me lembro do nome de Bea Feitler em nenhuma publicação ou aula sobre história do design nos últimos anos aqui no Brasil. Há um belo texto sobre a moça intitulado “The Vitality of Risk” escrito por Philip Meggs no site da AIGA:
www.aiga.org/content.cfm/medalist-beafeitler
Galeria
domingo, 29 de março de 2009
Frank Miller e os Créditos Finais de The Spirit
Ainda muito jovem, Miller iniciou sua carreira fazendo um dos trabalhos mais marcantes com um personagem de segunda linha da Marvel Comics, o Demolidor (Daredevil). Cresceu como escritor e desenhista de quadrinhos e foi um dos mais ilustres admiradores da obra de Will Eisner. Seu estilo (closes, cortes cinematográficos, uso do claro-escuro, lettering, estrutura narrativa) é assumidamente influenciado pelo seu ídolo.
Além de ter criado a Elektra, a Queda de Murdock, ter resgatado a batmania e a popularidade de Homem-morcego com o Cavaleiro das Trevas e Batman Ano Um, nos últimos anos o autor levou para os quadrinhos as características da Literatura Noir de David Goodis e Mickey Spillane ao criar a série Sin City.
Provavelmente tenha inaugurado uma nova linguagem no cinema ao permitir que Robert Rodriguez idealizasse a ida de Sin City para as telas. Muito desta paisagem negra e escura está presente também em The Spirit, o que possibilitou um constraste e ambientação coerente com o período em que o personagem de Eisner atua e foi criado.
Além das beldades que contracenam com o herói, um dos pontos altos do filme (graficamente falando) encontram-se nos créditos finais: um trabalho tipográfico primoroso e matador que funde os storyboards (feitos pelo próprio Miller) com informações do elenco, equipe e produção (em letras vermelhas e robustas sobre o fundo preto e branco das imagens) ao som de "Falling in Love Again". A canção de 1930, originalmente cantada e popularizada por Marlene Dietrich no filme “O Anjo Azul”, é aqui interpretada, por incrível que pareça, por Christina Aguilera.
Clique abaixo e confira um trecho desta sequência.
quarta-feira, 25 de março de 2009
De Obey a Obama: a Arte de Shepard Fairey
Na semana passada mais uma vitoria: numa competição disputada por 90 concorrentes durante o prémio de design britânico Brit Insurance Design Award 2009, o artista americano, hoje um dos nomes mais conhecidos da street art levou prêmio de mais inovador em artes gráficas."O pôster de Obama é uma lembrança do impacto do design em nossas vidas diárias. O cartaz se transformou em um símbolo internacional da história recente", disse Deyan Sudjic, diretor do Museu do Design de Londres.
Galeria
domingo, 22 de março de 2009
ARTURO VEGA E O LOGO DOS RAMONES
Surgida em 1974, os Ramones se caracterizaram pela simplicidade nos acordes, canções rápidas (no primeiro show no lendário clube CBGB consta que a banda tocou 20 canções em 17 minutos, uma atrás da outra) e acabaram por influenciar a formação de bandas de rock em todo o mundo nos últimos 30 anos. O visual de seus integrantes foi também uma de suas marcas registradas: jaquetas de couro, jeans rasgados, cabelos compridos “a la beatles” e tênis surrado, além de um brasão criado pelo então roadie da banda, Arturo Vega.
Vega era um jovem ator/pintor de Chihuahua, México, que vivia em um loft próximo ao CBGB. Para pagar suas contas, o artista trabalhava como letrista em um supermercado produzindo cartazetes com preços de produtos.
Foi a primeira pessoa trabalhar com a banda: no início carregando e montando equipamentos de som e depois, cuidando das luzes dos shows.
Com o passar do tempo, passou a criar todos os anúncios, cartazes e flyers, bem como materiais para atrair jornalistas e outros tipos de empresários ligados a música. Claro que sem a tecnologia dos softwares e macs que dispomos hoje.
Porém, o mais importante é que Arturo concebeu um produto que, juntamente com as turnês, praticamente mantiveram os Ramones vivos: a venda de camisetas.
A maioria dos desenhos das camisetas eram derivadas de fotografias preto-e-branco de uma águia careca americana. Esta imagem figurava na fivela de um cinto na parte posterior do primeiro álbum (a foto, por sinal, foi cortada a partir de um auto-retrato que Vega havia tirado com um centavo no interior de uma cabine fotográfica).
No livro “Ramones – An American Band” o artista comenta: “Quando cheguei a Washington, me impressionei com a atmosfera dos edifícios oficiais e seus escritórios com bandeiras em flâmula por todos os lugares. Pensei: O Grande Selo dos dos Estados Unidos da América seria perfeito, com a águia segurando as setas - para simbolizar a força e a agressão que possa ser usado contra quem se atreve a atacar-nos - e um ramo de oliveira, oferecido para aqueles que querem ser amigáveis. Mas estamos decididos a mudá-lo um pouco. Em vez do ramo de oliveira, tivemos uma o ramo de macieira, uma vez que os Ramones eram tão americanos como uma torta de maçã. E uma vez que Johnny era fanático por baseball, adaptamos a águia segurando um taco ao invés das flechas."
O deslocamento no bico da águia onde originalmente lia-se "look out below/veja a seguir", mais tarde foi alterado para "Hey, ho! Let's go!" As setas sobre a águia do escudo vêm de um desenho de uma camisa de poliéster que Vega havia comprado na 14th Street, enquanto as letras do nome da banda, por extenso em caixa-alta, foram adesivadas em letraset.
As vendas destas camisetas, não só mantiveram os Ramones por muitos anos, mas também foi o modo como Vega financiava suas viagens com a banda pela Califórnia e Europa e também sua principal fonte de renda.
Arturo Vega trabalhou durante 27 anos com os Ramones. Praticamente tornou-se o quinto membro da banda. É provável que não tenha formação alguma em design ou comunicação. Seu nome não aparece nos grandes tratados e publicações da área. Mesmo assim, sua arte feita há 30 anos, na base de “cola, tesoura e letraset”, continua inspirando e sendo estampada em toda uma geração, seja na moda, no cinema ou em porões sujos nos quatro cantos mundo... Gabba Gabba Hey!
Galeria