segunda-feira, 27 de abril de 2009
domingo, 12 de abril de 2009
Bea Feitler: Designer Brasileira foi Influente na América
Semana passada, assistindo um documentário sobre a trajetória da fotógrafa americana Annie Leibovitz (A Vida através das Lentes), eis que surge novamente a figura “até então desconhecida” de Bea Feitler.
Aos 40 minutos do filme, Leibovitz ressalta a influência que Bea teve sobre seu trabalho na Rolling Stone e como aprendeu a conceituar melhor suas imagens com a ajuda de seus conselhos.
A importância que Leibovitz dá a nossa brasileira (eu só sei que é brasileira por conta da Print “brazuca”, no filme não há essa informação) é enorme e acabou me deixando curioso a respeito do histórico da designer.
Vasculhando a vida da moça, descobri que Bea Feitler saiu do Rio e foi para NY estudar design na Parsons Schools e formou-se em 1959. Seu interesse inicial por ilustração rendeu-lhe um crescente fascínio pela área. Tornou-se aos 25 anos co-diretora de arte de uma das mais importantes revistas de moda americana, a Harper's Bazaar. Teve projetos de livros premiados, reformulou o formato da Rolling Stone e trabalhou no revival de um clássico dos anos 30, a revista Vanity Fair.
Segundo Felipe Taborda na Print, “no período em que viveu no Rio de Janeiro após a graduação, iniciou um escritorio de design chamado Estúdio G, com dois outros artistas, especializando-se em design de cartazes, livros e capas de disco. Colaborou no projeto da revista Senhor, marca registrada do design brasileiro, sendo a única revista brasileira de cunho político e cultural concebida com conceitos de design. Num período de experimentação, Bea trouxe novas idéias ao layout da revista. Seu trabalho atravessou fronteiras, criou padrões e conceitos visuais que são influentes até hoje”.
Tintas fluorescents, fotografia com ilustração, tipografia expressionista e desinibida foram algumas das características de seu trabalho.
Tinha bom senso e intuição sobre as pessoas: após ganhar confiança, permitia que seus assistentes tivessem suas próprias abordagens, ajudando-os a reconhecer as suas potencialidades. Muitos jovens designers que trabalharam com ela tornaram-se grandes diretores de arte por mérito próprio.
De personalidade encantadora, mas também muito exigente, seus padrões de excelência na concepção dos projetos eram inegociáveis.
Mesmo enquanto diretora de arte de grandes revistas, trabalhou em uma variedade de projetos como capa de disco para os Rolling Stones, campanhas para Christian Dior e Calvin Klein, livros para Beatles, Cole Porter, Vogue e o fotógrafo Helmut Newton.
De 1974 até 1980, foi professora da School of Visual Arts, onde os estudantes batalhavam para estar em sua classe. Incentivava cada aluno a seguir sua própria direção. Consta como seu aluno, o artista Keith Haring, que era criticado por ter trabalhos inspirados no graffiti. Bea se entusiasmou com seu vigor e potencial, encorajando-o a continuar a desenvolver neste caminho.
Seu último projeto foi a volta da revista Vanity Fair porém não viveu para vê-la publicada.
Não me lembro do nome de Bea Feitler em nenhuma publicação ou aula sobre história do design nos últimos anos aqui no Brasil. Há um belo texto sobre a moça intitulado “The Vitality of Risk” escrito por Philip Meggs no site da AIGA:
www.aiga.org/content.cfm/medalist-beafeitler
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